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Muito obrigada!
Gatinhos dormem e roncam na tarde fria
Helicópteros voam baixo perto da sacada
O bater das hélices misturam-se ao som dos carros
Nas ruas lá embaixo.
Esses barulhos irritantes me fazem lembram
De como gosto do canto de pássaros
E do zumbido de abelhas nas cerejeiras
Que explodem em flores.
De como gosto de ouvir o bater rápido das asas
Dos pequenos beija-flores em seus voos frenéticos de um lado ao outro
E os gritos das maritacas que cruzam o céu azul ao cair da tarde.
Tudo isso é como música para mim.
E o ar… o ar puro e fresco com cheiro de verde…
Não sei o que estou fazendo na Pauliceia
E seu desvairo.
Nada aqui substitui o que tenho naquele pedacinho
Perdido na Serra da Mantiqueira
Num lugar que as pessoas chamam de Gonçalves
E eu chamo de Paraíso.
(Aman Morbeck)
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– Restaurante e Pousada Lago Azul
O dia 23 de junho amanheceu lindo, com céu azul sem nuvens, e logo o friozinho da manhã deu lugar ao calor que chegou a 25 graus centígrados. Por volta das 9h, as ruas principais da pequena Gonçalves foram tomadas por vários de seus habitantes – crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos – prontos para traçarem e decorarem, com serragem natural e colorida, flores, panos e objetos, a via por onde a procissão de Corpus Christi passaria mais tarde.
Com conversas, sorrisos, brincadeiras ou solitariamente, aos poucos os tapetes coloridos foram tomando forma, cada pedaço dele feito à mão e sob responsabilidade de um grupo que esmerava por deixar sua parte a mais bela possível. Os turistas que visitavam Gonçalves no feriado circulavam e fotografavam as pessoas e o trabalho que realizavam e às 16h30, quando a procissão deixou a igreja matriz após a missa, muitos estavam a postos para acompanhá-la.
Pisando o tapete macio, o padre carregava o cálice com a hóstia consagrada, simbolizando o corpo de Jesus. Ao lado dele, auxiliares e fiéis; um pouco à frente, a banda da cidade tocava sobriamente. Ao longo do caminho, algumas paradas para oração em pontos pré-determinados.
De volta à igreja, encerrou-se a comemoração do dia santo, ao mesmo tempo em que todo o trabalho realizado durante o dia na criação dos tapetes era varrido. Funcionários da prefeitura recolheram toda serragem, empilhadas pelas rua e que em nada lembravam os maravilhosos tapetes que, até o próximo ano, ficarão vivos na memória de quem os viu e nas fotos que os eternizarão.
Veja mais fotos no Flickr – clique aqui.
Para saber mais sobre essa tradição, clique aqui.
(Texto e fotos: Aman Morbeck)
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– Restaurante e Pousada Lago Azul
– Curta o inverno em Gonçalves
No sul de Minas Gerais, a pequena Gonçalves tem uma programação especial para quem quiser curtir o inverno por lá.
Confira no cartaz abaixo:
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Hoje, contarei a história dos queridos Altair e Maria, proprietários do Restaurante e Pousada Lago Azul, na divisa dos municípios de Gonçalves e Camanducaia, a 1.760 metros de altitude da Serra da Mantiqueira.
No local, eles trabalham de forma apaixonada com truticultura, ou seja, criação – no caso deles orgânica (sem uso de nada tóxico) – de trutas em tanques alimentados com água límpida e fresca, em baixa temperatura, vinda de nascentes que descem até o terreno onde estão localizados.
Quando Altair interessou-se por esse assunto, há 26 anos, não havia literatura em língua portuguesa para lhe dar o suporte que precisava. Recorreu, então, a livros em língua espanhola e, com a prática, foi adquirindo o conhecimento que hoje lhe permite exportar mais de 90% dos alevinos que produz (em torno de 300 mil por ano!).
As trutas-matrizes vivem por mais ou menos dez anos e a cada ano, no mês de maio, são retiradas do tanque para desova, que é feita manualmente por Altair e Maria – casados há mais de 20 anos e juntos nessa lida desde então. Cada truta é retirada do tanque e sua barriga é apertada para expulsão dos ovos. Depois disso, ela volta ao tanque, de onde só sai no ano seguinte. Sobre esse processo, Maria conta, com carinho, como ele acontece: “Apenas de ano em ano revemos as matrizes e é um reencontro. Como pegamos cada uma nas mãos para desova, quando estão muito agitadas converso com elas para se acalmarem. Passa um pouco, elas acalmam e aí começo a trabalhar”.
Depois disso, eles misturam os ovos com os espermas, esperam a fecundação para então, também manualmente e sem fungicida, delicadamente separarem um a um os ovos gorados dos que foram fecundados corretamente com pinças de bambu que Altair fez especificamente para isso. Agora, imagine o trabalho: cada matriz tem de 3.000 a 4.000 ovos. Na fase de separação dos ovos Altair e Maria contam com a ajuda do filho Julio, hoje com 18 anos, que cresceu vendo os pais realizarem esse trabalho até somar sua mão-de-obra ao negócio familiar. Com o tempo, eles foram fazendo seleção e hoje seus tanques são repletos de trutas albinas. A próxima? Trutas azuis. Este ano, começa a desova das primeiras matrizes com essa cor incrível.
No local há um pesqueiro para visitantes e no restaurante Maria vai para a cozinha, enquanto Altair atende os clientes. No cardápio, pratos deliciosos feitos com trutas frescas servidas com vários molhos diferentes. O prato favorito de Altair é o sashimi; para mim, fico com filé grelhado e, se tiver na estação, molho de pinhão. Se não, opto pelo molho de azeite e amêndoas ou curry. Na verdade, é tudo delicioso! E a simpatia e o ótimo atendimento de Altair e Maria tornam tudo melhor.
Os visitantes podem conhecer os tanques onde ficam os alevinos e as matrizes e o local onde os ovos fecundados são separados. Se quiser, também podem levar trutas congeladas para casa.
Em 2010 eles construíram, na parte alta do terreno, dois chalés confortáveis e com lareira para serem alugados. Ambos têm linda vista para os lagos, para o restaurante e para a mata ao redor. A 1.800 metros de altitude, são ideais para quem quer curtir o frio da montanha, principalmente no inverno.
Para chegar até lá, saindo de Gonçalves, é só seguir até o km 13 da estrada de terra em direção ao sertão do Cantagalo e à Camanducaia – há placas no caminho.
Para contato: e-mail: trutalagoazul@bol.com.br
Celulares: (035) 9828-0501 – Julio / (035) 9982-5498 – Altair
(Texto e fotos: Aman Morbeck)
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Doroteia de Fátima Silva, dona de expressivos olhos claros e sorriso largo e contagiante, faz queijos de forma artesanal há 15 anos. Ela nasceu na Terra Fria, mas desde que se casou, há 22 anos, mora no bairro Piquiras, ambos no município de Gonçalves, Minas Gerais. Com a fala rápida e o sotaque beeeeeeeem “mineirin”, sô, me contou sobre o prazer que tem em fazer queijos – frescal e meia-cura, aprendidos com a mãe, e de nozinhos e mussarela, que aprendeu de forma autodidata.
O melhor jeito de conhecer o resultado de seu trabalho é experimentando. Foi assim que primeiro soube de sua existência e a próxima parada foi em sua casa, onde também funciona seu posto de venda, no km 8 da rodovia que leva até Gonçalves. Para encontrá-la é só observar uma casa pintada na cor terracota e a placa “Vendem-se queijos” – à direita de quem vai em direção à cidade. Ela anuncia bem seu negócio.
Seu ofício é sua paixão, como ela afirma: “Fazer queijos é uma das coisas que mais gosto”. Seu esposo, Nicolau, a ajuda, mas é ela que literalmente põe as mãos na massa (para separá-la do soro). Passei uma manhã com Doroteia, acompanhando todo o processo de fabricação, e agora valorizo muito mais o produto que resulta de seis a sete litros de leite ao qual ela dá forma – redondo, quadrado ou em nozinhos.
Às 5h30 ela já está a postos para coar o leite, depois ferver até a temperatura ideal – de 35 a 40 graus Celsius -, colocar o coalho, mexer por 3 minutos, esperar por 40 minutos até a hora de salgar (com sal Cisne, faz questão de frisar, por não ter impurezas, pois é muito preocupada com qualidade) e começar a prensar nas formas.
Conversar com ela e ouvir suas histórias é um presente à parte. Como saber do amor que tem por sua filha adotiva, Michele, de seis anos, “a filha do coração que amo demais”, ou do quanto gosta de trabalhar em casa para que possa, entre outras coisas, cuidar do sogro “que não enxerga e anda adoentado”. Ela é assim, muito doce e carinhosa. E essa energia acompanha cada queijo que fabrica.
Suas maiores recompensas pelo que faz? Ver alguém que comeu seu queijo na casa de alguém ir até lá para comprar também e rever os fregueses que voltam sempre para comprar mais, sejam eles seus vizinhos do bairro, moradores de Gonçalves ou turistas que vão e vêm frequentemente.
Quando perguntei a ela o que ela esperava dessa divulgação que eu faria no blog, ela respondeu, com seu sorriso cativante: “Fico pensando que vou precisar trabalhar mais se todo mundo quiser experimentar”. Tomara! Assim, se você visitar Gonçalves fica o convite para passar pela “lujinha de queijos” da Doroteia. Ela abre todos os dias.
Ah, e mencione que soube sobre ela pelo blog. Ela está adorando imaginar que as pessoas a conhecerão pela internet, embora afirme que “não sabe como isso funciona”. :)
(Texto e fotos: Aman Morbeck)
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– II Festival de Inverno de Gonçalves
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